terça-feira, 13 de outubro de 2009

Memorial Escolar




A produção desse memorial para mim foi fascinante, porque me fez reviver momentos inesquecíveis da minha vida. Lembrar de momentos que foram extraordinários pela sua simplicidade. Lembro-me de quando comecei a ir à escola de como eu chorava pra não entrar, certa vez agarrei o pescoço da minha prima e para me tirar do colo dela, minha vó teve que ir soltando minhas mãos aos poucos e a “tia” Teca me puxar pelas pernas. E, depois de tanto esforço entrei e percebi aos poucos que está ali não era tão ruim e fui pegando o gosto pela escola.
Eu era uma criança muito inteligente e aprendia com facilidade, minha mãe que o diga. Nas rodas de amigos sempre mandava contar a história que eu havia lido no bimestre e eu contava e saia toda boba da sala, porque as pessoas adoravam vê garotinhas espertas e naquele momento eu era “a garotinha” e chovia elogios.
Eu era uma criança muito ativa na escola, tudo queria participar deixava minha mãe louca porque eu dizia que era obrigatório. E, acabava participando, participava das festas juninas, do coral, das aulas de ballet e jazz, do grupo de “orações” aos sábados, das gincanas. Enfim, tudo que inventavam na escola lá estava “Carol” para participar. É engraçado, que mesmo tendo participado das aulas de dança e música, sou muito ruim das pernas e das cordas vocais.
Enfim, o tempo ia passando. As amizades iam surgindo e do São Paulo eu nunca ia saindo. Eu estudava a tarde, porém de manhã marcava com os colegas pra nos encontrarmos de manhã na biblioteca. Então, acabávamos por ficar o dia inteiro juntos. Éramos como uma família, vivemos momentos felizes, tristes e até de terror. É de terror, acredita?
Nós estudávamos em colégio de freira e lá tinha uma capela onde se dizia que às 15h aparecia um homem de bota preta para assombrar a Capela. Uma vez, meu primo que era mais novo do que eu, ficou ouvindo nossas conversas e ouviu essa história. E, advinha? O individuo foi às 15h olhar por debaixo da porta da Capela pra confirmar a história e lá ele viu o homem de bota preta, nesse dia ele teve uma febre altíssima, porém nem eu nem ele contamos o que havia acontecido a nossa família.
Mas, não foi só essa história tem outras, muitas outras. Quando saíamos às 17h ficávamos no pátio e lá estava a Roberta, uma amiga que sempre tinha histórias pra contar, trouxe um copo, papel e caneta para falarmos com os espíritos. E aí, fizemos aquela brincadeira do copo. Eram hilários esses momentos.
A nossa relação de amizade era muito forte e ia além da sala de aula, íamos sempre visitar um ao outro e acabávamos nos tornando amigos dos familiares. E, esses laços de amizade foram determinante para uma amiga. Ela engravidou aos 15 anos e não queria nos contar, não colou grau conosco e se afastou. Fomos a casa dela e ela nunca tocava no assunto, já tínhamos percebido a barriga grande apesar dela tentar esconder, mas não queríamos constrange-la por isso não falávamos nada. Até que um dia a mãe conversou conosco e pediu para nós não nos afastarmos dela, pois ela precisava do nosso apoio e confirmou a gravidez, que já sabíamos.
A amizade é muito importante em todos os momentos e elas nos marcam eternamente, até hoje tenho contato com a maioria dos meus amigos de infância. A internet faz parte desse contato, que ultrapassa as fronteiras térreas.
O Colégio São Paulo me deu uma base muito forte, que vai além do “ba-be-bi-bo-bu”. Ele me ensinou a viver a vida com alegria, esperança, amor e que o mais importante são as relações humanas. E, foram essas relações que estão sendo perdidas cotidianamente e nem percebemos. Quando fui para Colégio Estadual Paes de Carvalho, foi a minha escola do “2°grau”, eu me sentir perdida. Cheguei em casa comentando com a minha mãe, os comportamentos que havia presenciado lá e em especial fala de um professor de física que me chocou. Ele disse que nós não devíamos ter amor a escola, que aquilo era apenas um monte de tijolos e ponto. Mas, como assim de onde eu tinha vindo a escola era como se fosse meu lar, um espaço de harmonia, a relação entre as freiras, professores, psicólogos, coordenadores, faxineiros e alunos era totalmente cordial e de amor e ali, aquele professor tava defendendo a individualidade e o não afeto. Isso me frustrou porque eu não via a escola daquela maneira que ele estava propagando. Mas, enfim são opiniões.
O Paes de Carvalho foi um colégio interessante, tinha suas peculiaridades como, por exemplo, no centro havia duas escadas, uma para meninos e outra para meninas, usávamos saia. Foi bom estar lá, consegui fazer belas amizades lá.
E, agora estou na FEBF escrevendo mais um capítulo da minha história escolar. Este ano me envolvi mais com a faculdade, larguei o trabalho pra viver esse momento e ter um melhor aproveitamento dos meus estudos. No momento faço parte da Coordenação de Desenvolvimento Acadêmico, como estagiária, do grupo de estudos sobre questões étnicorraciais.
Enfim, ainda tem muita coisa para aprender. É por isso que aqui não vai ter um ponto final e sim reticências para que novas memórias possam ser escritas.
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4 comentários:

  1. TENHO ORGULHO DE TER TRABALHADO COM VOCÊ E AGORA ESTUDAR COM VOCÊ.

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  2. Carol, adorei!Ficou muito bom!
    Parabéns pela determinação.

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  3. Minha Amiga Carol,sua história é linda. Conte comigo hoje e sempre.

    Marluce

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  4. Ana, seu memorial está muito bom! Fantástico! Continue registrando suas reflexões, suas impressoes... seus aprendizados...

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