terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Entrevista – Professora R. Ferreira (Município Belford Roxo)
1) De que maneira a mudança do ensino fundamental para 9 anos modificou sua prática de ensino na sala de aula? Quais os meios de intervenções e a dinâmica utilizada por você?
Como a maioria das políticas em educação, pouco se percebe uma diferença na prática escolar. As maiores mudanças só ocorrem mesmo no papel. Vejo que só mudou o nome de uma série CA(Classe de alfabetização) para 1º ano de escolaridade, recebendo assim as crianças com seis anos de idade. A Lei 11.274 de 2006 que programa o ensino de 9 anos, ao mesmo tempo não modifica o cenário escolar dando melhores condições de aprendizagem para estes mesmos alunos.

2) De que maneira ocorre a interação de todos da escola visando o desenvolvimento escolar do aluno?
Obs: entenda como todos os: coordenadores, diretores, membros de conselho escolar, alunos, funcionários, representantes da comunidade, professor.
Existem as reuniões de planejamento onde se discute as dificuldades dos alunos, os programas, os conteúdos. O grande problema é que a maioria das decisões não chega a se traduzir em ações diretas para modificar ou até mesmo criar novas formas de ensino. Com isso, o aluno continua com suas dificuldades e não se desenvolve como poderia e deveria se desenvolver.

3) Quais subsídios fornecidos pela escola para que você realize aulas mais criativas com seus alunos?
Obs: se a escola não te fornece subsidio, responda: De que maneira você contorna essa situação?
Quase nenhum. O que a escola oferece e quando oferece, são folhas de oficio e stencil. Há alguns aparelhos como televisão e rádio que podem ser utilizados pelos professores. Fora isso, qualquer outro recurso tem que ser levantado pelo professor. Há muitos materiais que utilizo para produzir jogos e atividades diferenciadas com a turma que eu mesma compro. Aproveito e reaproveito tudo o que percebo que pode ser utilizado em sala para aprendizagem do aluno.


4) Qual sua visão sobre esses alunos? E, quais dificuldades você encontra para ensiná-los?
São alunos que já se conformaram com a forma escolar de ensinar, de cobrar, de avaliar. Alunos que já não esperam muito da escola que fazem parte. Ou melhor, nem se sentem parte dela. São tratados por muitos “mestres” com certa indiferença.
Quebrar estes paradigmas da escola não é fácil, mas possível. A maior dificuldade que encontrei em ensinar foi fazer com que as crianças se sentissem capazes. Mesmo antes de tentar resolver alguma tarefa proposta, já diziam que não conseguiriam. E como? Se nem ao menos tentaram? E se tentássemos juntos? Comecei a ver resultados. Mais motivação, mais interesse.
Certa vez uma aluna chegou pra mim e disse: “que bom né tia, agora todos estão aprendendo...”
Imaginei quantas vezes esta aluna ouviu que ela não sabia ler e escrever. Mas agora estava aprendendo como toda a turma. Ela não se sentia menos por suas dificuldades, pois estava aprendendo, mesmo que no seu ritmo.
Se o aluno não se perceber como capaz, será inútil qualquer forma de ensino, por mais elaborado que seja.

5) Você se considera um professor-pesquisador? Como você reflete sobre suas práticas, seu trabalho? De que maneira você se qualifica?
Estou sempre pesquisando sobre este mundo da educação, tão contraditório. Há coisas na prática que busco entender melhor lendo, pesquisando. Assim também como há teorias que busco visualizar na prática. Busco sempre estreitar estes dois lados, para me tornar uma melhor professora e contribuir cada vez mais, com uma prática diferenciada, para o real aprendizado dos meus alunos.


Entrevista – Professora R. Assis (Município Nova Iguaçu)
1) De que maneira a mudança do ensino fundamental para 9 anos modificou sua prática de ensino na sala de aula? Quais os meios de intervenções e a dinâmica utilizada por você?
Não modifiquei minha prática de ensino por causa dessa mudança. Considero-a apenas uma nova nomenclatura, com as mesmas responsabilidades e desafios.

2) De que maneira ocorre a interação de todos da escola visando o desenvolvimento escolar do aluno?
Obs: entenda como todos os: coordenadores, diretores, membros de conselho escolar, alunos, funcionários, representantes da comunidade, professor.
Essa interação acontece por meio da vigilância do comportamento dos alunos, apenas com a função de discipliná-los, e do próprio professor, quanto ao seu horário de trabalho, apresentação do diário, plano de aula, preenchimento dos relatórios descritivos. Até mesmo os conselhos de classe, são apenas para mostrar os resultados, e não para tentar discuti-los ou solucioná-los.

3) Quais subsídios fornecidos pela escola para que você realize aulas mais criativas com seus alunos?
Obs: se a escola não te fornece subsidio, responda: De que maneira você contorna essa situação?
O único subsídio que a escola oferece são alguns livros da biblioteca, que na verdade, não é bem uma biblioteca. Para contornar a situação, compro alguns materiais para a confecção de cartazes e para trabalhar com eles na sala de aula, já que muitos deles não têm sequer um caderno e um lápis para escrever. Também, faço uso de muitas xerox para as atividades diárias que são custeadas por mim.

4) Qual sua visão sobre esses alunos? E, quais dificuldades você encontra para ensiná-los?
São alunos que vêm à escola com interesse em aprender algo, mas muito mais por causa da merenda. A maior das dificuldades é a falta de recurso material, seguida de apoio pedagógico e qualificação para os professores.

5) Você se considera um professor-pesquisador? Como você reflete sobre suas práticas, seu trabalho? De que maneira você se qualifica?
Considero-me um professor-pesquisador porque procuro ler livros, busco sugestões que melhorem o meu trabalho em sala de aula e me façam compreender melhor o processo de alfabetização. Reflito minhas práticas por meio dos resultados que os alunos apresentam, esse é o caminho para que eu possa interferir na aprendizagem.
Reflexão: Percebo, na fala das duas professoras que a mudança do ensino fudamental para 9 anos, ficou somente no papel. As escolas não levaram adiante as propostas feitas para esse novo ensino fundamental e quem sofre são os alunos, que não conseguem perceber uma nova perpectiva em seu cotidiano escolar. Por outro lado, professores são colocados em condições de trabalhos que não os favorecem, porém tentam utilizando seus próprios recursos fazer um trabalho digno. Estudam por conta própria para trazer para sala de aula um novo mundo as crianças. Contudo, não é fácil motivar essas crianças em um espaço fisico sem qualquer motivação. Vemos nas fotos que as carteiras são desconfortáveis e por mais que as professores tentem enfeitar as salas com cartazes é dificil perceber a beleza deles em contraste com as paredes sujas. Enfim, esse é um dos fatores para motivação das crianças, os outros precisam serem discutidos por todos que participam da escola, e pelo que vimos na entrevista isso ainda não é feito. Cobra-se dos professores o avanço escolar das crianças, porém não se sentam para discuti-los e tentar achar soluções para as dificuldades dessas crianças. Espero um dia refletir sobre outra realidade escolar...

sábado, 12 de dezembro de 2009

Planejamento

SONHO IMPOSSÍVEL
Sonhar, mais um sonho impossível,
Lutar, quando é fácil ceder,
Vencer o inimigo invencivel,
Negar, quando a regra é vender.
Sofrer a tortura implacável,
Romper a incabível prisão,
Voar, num limite improvável
Tocar o inacessível chão.
É minha lei, é minha questão,
Virar este mundo, cravar este chão.
Não importa saber se é terrível demais,
Quantas guerras terei de vencer
por um pouco de paz.
E amanhã,
Se esse chão que eu beijei for meu eleito e perdão,
Vou saber que valeu delirar e morrer de paixão.
E assim, seja lá como for vai ter infinita aflição.
E o mundo vai ver uma flor brotar
do impossível chão
J. Darion e M. Leigh, The impossible dream; tradução Chico Buarque e Ruy Guerra
Planejar....
Planejar, como foi discutido em sala de aula é algo, que está além do pensamento. Planejar é focar um objetivo e criar um "plano" para atingi-los, contando até com os imprevistos. E, são esses imprevistos que não podem de maneira tirar o nosso foco do que queremos conseguir com o planejamento, podemos ser flexiveis no caminho que será percorrido, porém teremos que conseguir chegar ao objetivo almejado.
Para planejar devemos observar a realidade de onde vamos trabalhar, para não criar planos ilusórios.
O professor precisar ter esperança nas mudanças, sonhar... sonhar...
Sonhar criticamente, porque mudar a realidade não é fácil. Precisa-se lutar muito.

sábado, 21 de novembro de 2009

Ensino Fundamental de nove anos

A implementação do Ensino Fundamental de nove anos está prevista para 2010, porém se faz necessário que as escolas já comecem a se adequar, trabalhando simultaneamente com o sistema seriado para os alunos que já estão na rede e para os ingressantes no novo sistema. As mudanças do novo sistema ocorrem nos anos iniciais, com a inclusão de mais um ano. As crianças com seis anos devem ser matriculadas no 1° ano.
Nesse novo sistema, os professores devem se adequar com o novo currículo e os modos de avaliação. A avaliação deve ser feita de maneira processual, participativa, formativa e cumulativa diagnóstica, vem tentar diminuir a evasão escolar, evitando a baixa auto-estima da criança, que muitas vezes através do sistema seriado era tachada de “repetente”, aumentando a evasão escolar, já que as crianças se sentiam inferiores as outras.
No Ensino Fundamental de nove anos tenta-se minimizar esses problemas de aprendizagem, trabalhando com o tempo da criança e visando o seu desenvolvimento.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

I Encontro: Infância, Leitura e Palavra



O I Encontro: Infância, Leitura e Palavra aconteceu no dia 23 de outubro de 2009 na FEBF e teve a colaboração de professores e alunos para a sua concretização. Tivemos como abertura do evento vídeos sobre literatura infantil e em seguida demos inicio a palestra com a Professora Leila Medeiros, onde tivemos a participação especial do nosso diretor Jorge Máximo. A professora trouxe muitas contribuições para o nosso evento. Foi maravilhosa sua participação, o tempo passou que nós nem percebemos.

A tarde o evento continuou com a mesa-redonda que foi composta pela Rosenilda Paraíso, nossa querida Zene, e pela Professora Maria Aparecida Peçanha que além de abrilhantar a mesa nos trouxe de presente a Oficina Livro de Pano que foi um suceso, todos com tesoura e pano na mão para produzir livros para crianças.
A segunda Oficina foi "Entrou por uma porta saiu por outra quem quiser que conte outra" - Literatura Infantil e crianças pequenas comandada pelas alunas Maria da Conceição e Rosemery Feliciano, foi também ótima os alunos
contavam as histórias fazendo caras e bocas. E pra fechar tivemos a oficina Leitura e
Contação de história onde as alunas Andréia Laurindo e Esmeralda Costa fizeram os participantes voltarem a ser
criança, foi muito divertido. Eles tiveram que recontar histórias fazendo uma mini peça teatral, foi fantástico.
Quem participou adorou!
Quem não participou é esperar o próximo...









terça-feira, 13 de outubro de 2009

Memorial Escolar




A produção desse memorial para mim foi fascinante, porque me fez reviver momentos inesquecíveis da minha vida. Lembrar de momentos que foram extraordinários pela sua simplicidade. Lembro-me de quando comecei a ir à escola de como eu chorava pra não entrar, certa vez agarrei o pescoço da minha prima e para me tirar do colo dela, minha vó teve que ir soltando minhas mãos aos poucos e a “tia” Teca me puxar pelas pernas. E, depois de tanto esforço entrei e percebi aos poucos que está ali não era tão ruim e fui pegando o gosto pela escola.
Eu era uma criança muito inteligente e aprendia com facilidade, minha mãe que o diga. Nas rodas de amigos sempre mandava contar a história que eu havia lido no bimestre e eu contava e saia toda boba da sala, porque as pessoas adoravam vê garotinhas espertas e naquele momento eu era “a garotinha” e chovia elogios.
Eu era uma criança muito ativa na escola, tudo queria participar deixava minha mãe louca porque eu dizia que era obrigatório. E, acabava participando, participava das festas juninas, do coral, das aulas de ballet e jazz, do grupo de “orações” aos sábados, das gincanas. Enfim, tudo que inventavam na escola lá estava “Carol” para participar. É engraçado, que mesmo tendo participado das aulas de dança e música, sou muito ruim das pernas e das cordas vocais.
Enfim, o tempo ia passando. As amizades iam surgindo e do São Paulo eu nunca ia saindo. Eu estudava a tarde, porém de manhã marcava com os colegas pra nos encontrarmos de manhã na biblioteca. Então, acabávamos por ficar o dia inteiro juntos. Éramos como uma família, vivemos momentos felizes, tristes e até de terror. É de terror, acredita?
Nós estudávamos em colégio de freira e lá tinha uma capela onde se dizia que às 15h aparecia um homem de bota preta para assombrar a Capela. Uma vez, meu primo que era mais novo do que eu, ficou ouvindo nossas conversas e ouviu essa história. E, advinha? O individuo foi às 15h olhar por debaixo da porta da Capela pra confirmar a história e lá ele viu o homem de bota preta, nesse dia ele teve uma febre altíssima, porém nem eu nem ele contamos o que havia acontecido a nossa família.
Mas, não foi só essa história tem outras, muitas outras. Quando saíamos às 17h ficávamos no pátio e lá estava a Roberta, uma amiga que sempre tinha histórias pra contar, trouxe um copo, papel e caneta para falarmos com os espíritos. E aí, fizemos aquela brincadeira do copo. Eram hilários esses momentos.
A nossa relação de amizade era muito forte e ia além da sala de aula, íamos sempre visitar um ao outro e acabávamos nos tornando amigos dos familiares. E, esses laços de amizade foram determinante para uma amiga. Ela engravidou aos 15 anos e não queria nos contar, não colou grau conosco e se afastou. Fomos a casa dela e ela nunca tocava no assunto, já tínhamos percebido a barriga grande apesar dela tentar esconder, mas não queríamos constrange-la por isso não falávamos nada. Até que um dia a mãe conversou conosco e pediu para nós não nos afastarmos dela, pois ela precisava do nosso apoio e confirmou a gravidez, que já sabíamos.
A amizade é muito importante em todos os momentos e elas nos marcam eternamente, até hoje tenho contato com a maioria dos meus amigos de infância. A internet faz parte desse contato, que ultrapassa as fronteiras térreas.
O Colégio São Paulo me deu uma base muito forte, que vai além do “ba-be-bi-bo-bu”. Ele me ensinou a viver a vida com alegria, esperança, amor e que o mais importante são as relações humanas. E, foram essas relações que estão sendo perdidas cotidianamente e nem percebemos. Quando fui para Colégio Estadual Paes de Carvalho, foi a minha escola do “2°grau”, eu me sentir perdida. Cheguei em casa comentando com a minha mãe, os comportamentos que havia presenciado lá e em especial fala de um professor de física que me chocou. Ele disse que nós não devíamos ter amor a escola, que aquilo era apenas um monte de tijolos e ponto. Mas, como assim de onde eu tinha vindo a escola era como se fosse meu lar, um espaço de harmonia, a relação entre as freiras, professores, psicólogos, coordenadores, faxineiros e alunos era totalmente cordial e de amor e ali, aquele professor tava defendendo a individualidade e o não afeto. Isso me frustrou porque eu não via a escola daquela maneira que ele estava propagando. Mas, enfim são opiniões.
O Paes de Carvalho foi um colégio interessante, tinha suas peculiaridades como, por exemplo, no centro havia duas escadas, uma para meninos e outra para meninas, usávamos saia. Foi bom estar lá, consegui fazer belas amizades lá.
E, agora estou na FEBF escrevendo mais um capítulo da minha história escolar. Este ano me envolvi mais com a faculdade, larguei o trabalho pra viver esse momento e ter um melhor aproveitamento dos meus estudos. No momento faço parte da Coordenação de Desenvolvimento Acadêmico, como estagiária, do grupo de estudos sobre questões étnicorraciais.
Enfim, ainda tem muita coisa para aprender. É por isso que aqui não vai ter um ponto final e sim reticências para que novas memórias possam ser escritas.
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