Entrevista – Professora R. Ferreira (Município Belford Roxo)
1) De que maneira a mudança do ensino fundamental para 9 anos modificou sua prática de ensino na sala de aula? Quais os meios de intervenções e a dinâmica utilizada por você?
Como a maioria das políticas em educação, pouco se percebe uma diferença na prática escolar. As maiores mudanças só ocorrem mesmo no papel. Vejo que só mudou o nome de uma série CA(Classe de alfabetização) para 1º ano de escolaridade, recebendo assim as crianças com seis anos de idade. A Lei 11.274 de 2006 que programa o ensino de 9 anos, ao mesmo tempo não modifica o cenário escolar dando melhores condições de aprendizagem para estes mesmos alunos.
Como a maioria das políticas em educação, pouco se percebe uma diferença na prática escolar. As maiores mudanças só ocorrem mesmo no papel. Vejo que só mudou o nome de uma série CA(Classe de alfabetização) para 1º ano de escolaridade, recebendo assim as crianças com seis anos de idade. A Lei 11.274 de 2006 que programa o ensino de 9 anos, ao mesmo tempo não modifica o cenário escolar dando melhores condições de aprendizagem para estes mesmos alunos.
2) De que maneira ocorre a interação de todos da escola visando o desenvolvimento escolar do aluno?
Obs: entenda como todos os: coordenadores, diretores, membros de conselho escolar, alunos, funcionários, representantes da comunidade, professor.
Existem as reuniões de planejamento onde se discute as dificuldades dos alunos, os programas, os conteúdos. O grande problema é que a maioria das decisões não chega a se traduzir em ações diretas para modificar ou até mesmo criar novas formas de ensino. Com isso, o aluno continua com suas dificuldades e não se desenvolve como poderia e deveria se desenvolver.
3) Quais subsídios fornecidos pela escola para que você realize aulas mais criativas com seus alunos?
Existem as reuniões de planejamento onde se discute as dificuldades dos alunos, os programas, os conteúdos. O grande problema é que a maioria das decisões não chega a se traduzir em ações diretas para modificar ou até mesmo criar novas formas de ensino. Com isso, o aluno continua com suas dificuldades e não se desenvolve como poderia e deveria se desenvolver.
3) Quais subsídios fornecidos pela escola para que você realize aulas mais criativas com seus alunos?
Obs: se a escola não te fornece subsidio, responda: De que maneira você contorna essa situação?
Quase nenhum. O que a escola oferece e quando oferece, são folhas de oficio e stencil. Há alguns aparelhos como televisão e rádio que podem ser utilizados pelos professores. Fora isso, qualquer outro recurso tem que ser levantado pelo professor. Há muitos materiais que utilizo para produzir jogos e atividades diferenciadas com a turma que eu mesma compro. Aproveito e reaproveito tudo o que percebo que pode ser utilizado em sala para aprendizagem do aluno.
4) Qual sua visão sobre esses alunos? E, quais dificuldades você encontra para ensiná-los?
São alunos que já se conformaram com a forma escolar de ensinar, de cobrar, de avaliar. Alunos que já não esperam muito da escola que fazem parte. Ou melhor, nem se sentem parte dela. São tratados por muitos “mestres” com certa indiferença.
Quebrar estes paradigmas da escola não é fácil, mas possível. A maior dificuldade que encontrei em ensinar foi fazer com que as crianças se sentissem capazes. Mesmo antes de tentar resolver alguma tarefa proposta, já diziam que não conseguiriam. E como? Se nem ao menos tentaram? E se tentássemos juntos? Comecei a ver resultados. Mais motivação, mais interesse.
Certa vez uma aluna chegou pra mim e disse: “que bom né tia, agora todos estão aprendendo...”
Imaginei quantas vezes esta aluna ouviu que ela não sabia ler e escrever. Mas agora estava aprendendo como toda a turma. Ela não se sentia menos por suas dificuldades, pois estava aprendendo, mesmo que no seu ritmo.
Se o aluno não se perceber como capaz, será inútil qualquer forma de ensino, por mais elaborado que seja.
5) Você se considera um professor-pesquisador? Como você reflete sobre suas práticas, seu trabalho? De que maneira você se qualifica?
Estou sempre pesquisando sobre este mundo da educação, tão contraditório. Há coisas na prática que busco entender melhor lendo, pesquisando. Assim também como há teorias que busco visualizar na prática. Busco sempre estreitar estes dois lados, para me tornar uma melhor professora e contribuir cada vez mais, com uma prática diferenciada, para o real aprendizado dos meus alunos.
Entrevista – Professora R. Assis (Município Nova Iguaçu)
1) De que maneira a mudança do ensino fundamental para 9 anos modificou sua prática de ensino na sala de aula? Quais os meios de intervenções e a dinâmica utilizada por você?
Não modifiquei minha prática de ensino por causa dessa mudança. Considero-a apenas uma nova nomenclatura, com as mesmas responsabilidades e desafios.
2) De que maneira ocorre a interação de todos da escola visando o desenvolvimento escolar do aluno?
Obs: entenda como todos os: coordenadores, diretores, membros de conselho escolar, alunos, funcionários, representantes da comunidade, professor.
Essa interação acontece por meio da vigilância do comportamento dos alunos, apenas com a função de discipliná-los, e do próprio professor, quanto ao seu horário de trabalho, apresentação do diário, plano de aula, preenchimento dos relatórios descritivos. Até mesmo os conselhos de classe, são apenas para mostrar os resultados, e não para tentar discuti-los ou solucioná-los.
Quase nenhum. O que a escola oferece e quando oferece, são folhas de oficio e stencil. Há alguns aparelhos como televisão e rádio que podem ser utilizados pelos professores. Fora isso, qualquer outro recurso tem que ser levantado pelo professor. Há muitos materiais que utilizo para produzir jogos e atividades diferenciadas com a turma que eu mesma compro. Aproveito e reaproveito tudo o que percebo que pode ser utilizado em sala para aprendizagem do aluno.
4) Qual sua visão sobre esses alunos? E, quais dificuldades você encontra para ensiná-los?
São alunos que já se conformaram com a forma escolar de ensinar, de cobrar, de avaliar. Alunos que já não esperam muito da escola que fazem parte. Ou melhor, nem se sentem parte dela. São tratados por muitos “mestres” com certa indiferença.
Quebrar estes paradigmas da escola não é fácil, mas possível. A maior dificuldade que encontrei em ensinar foi fazer com que as crianças se sentissem capazes. Mesmo antes de tentar resolver alguma tarefa proposta, já diziam que não conseguiriam. E como? Se nem ao menos tentaram? E se tentássemos juntos? Comecei a ver resultados. Mais motivação, mais interesse.
Certa vez uma aluna chegou pra mim e disse: “que bom né tia, agora todos estão aprendendo...”
Imaginei quantas vezes esta aluna ouviu que ela não sabia ler e escrever. Mas agora estava aprendendo como toda a turma. Ela não se sentia menos por suas dificuldades, pois estava aprendendo, mesmo que no seu ritmo.
Se o aluno não se perceber como capaz, será inútil qualquer forma de ensino, por mais elaborado que seja.
5) Você se considera um professor-pesquisador? Como você reflete sobre suas práticas, seu trabalho? De que maneira você se qualifica?
Estou sempre pesquisando sobre este mundo da educação, tão contraditório. Há coisas na prática que busco entender melhor lendo, pesquisando. Assim também como há teorias que busco visualizar na prática. Busco sempre estreitar estes dois lados, para me tornar uma melhor professora e contribuir cada vez mais, com uma prática diferenciada, para o real aprendizado dos meus alunos.
Entrevista – Professora R. Assis (Município Nova Iguaçu)
1) De que maneira a mudança do ensino fundamental para 9 anos modificou sua prática de ensino na sala de aula? Quais os meios de intervenções e a dinâmica utilizada por você?
Não modifiquei minha prática de ensino por causa dessa mudança. Considero-a apenas uma nova nomenclatura, com as mesmas responsabilidades e desafios.
2) De que maneira ocorre a interação de todos da escola visando o desenvolvimento escolar do aluno?
Obs: entenda como todos os: coordenadores, diretores, membros de conselho escolar, alunos, funcionários, representantes da comunidade, professor.
Essa interação acontece por meio da vigilância do comportamento dos alunos, apenas com a função de discipliná-los, e do próprio professor, quanto ao seu horário de trabalho, apresentação do diário, plano de aula, preenchimento dos relatórios descritivos. Até mesmo os conselhos de classe, são apenas para mostrar os resultados, e não para tentar discuti-los ou solucioná-los.
3) Quais subsídios fornecidos pela escola para que você realize aulas mais criativas com seus alunos?
Obs: se a escola não te fornece subsidio, responda: De que maneira você contorna essa situação?
O único subsídio que a escola oferece são alguns livros da biblioteca, que na verdade, não é bem uma biblioteca. Para contornar a situação, compro alguns materiais para a confecção de cartazes e para trabalhar com eles na sala de aula, já que muitos deles não têm sequer um caderno e um lápis para escrever. Também, faço uso de muitas xerox para as atividades diárias que são custeadas por mim.
4) Qual sua visão sobre esses alunos? E, quais dificuldades você encontra para ensiná-los?
São alunos que vêm à escola com interesse em aprender algo, mas muito mais por causa da merenda. A maior das dificuldades é a falta de recurso material, seguida de apoio pedagógico e qualificação para os professores.
5) Você se considera um professor-pesquisador? Como você reflete sobre suas práticas, seu trabalho? De que maneira você se qualifica?
Considero-me um professor-pesquisador porque procuro ler livros, busco sugestões que melhorem o meu trabalho em sala de aula e me façam compreender melhor o processo de alfabetização. Reflito minhas práticas por meio dos resultados que os alunos apresentam, esse é o caminho para que eu possa interferir na aprendizagem.
Reflexão: Percebo, na fala das duas professoras que a mudança do ensino fudamental para 9 anos, ficou somente no papel. As escolas não levaram adiante as propostas feitas para esse novo ensino fundamental e quem sofre são os alunos, que não conseguem perceber uma nova perpectiva em seu cotidiano escolar. Por outro lado, professores são colocados em condições de trabalhos que não os favorecem, porém tentam utilizando seus próprios recursos fazer um trabalho digno. Estudam por conta própria para trazer para sala de aula um novo mundo as crianças. Contudo, não é fácil motivar essas crianças em um espaço fisico sem qualquer motivação. Vemos nas fotos que as carteiras são desconfortáveis e por mais que as professores tentem enfeitar as salas com cartazes é dificil perceber a beleza deles em contraste com as paredes sujas. Enfim, esse é um dos fatores para motivação das crianças, os outros precisam serem discutidos por todos que participam da escola, e pelo que vimos na entrevista isso ainda não é feito. Cobra-se dos professores o avanço escolar das crianças, porém não se sentam para discuti-los e tentar achar soluções para as dificuldades dessas crianças. Espero um dia refletir sobre outra realidade escolar...